Pense em um deputado correto. Um ser humano que tem um sentido profundo do que é o público. Pense! Enquanto os escândalos se avolumam em nosso país, tem um mandato de um deputado estadual do Rio de Janeiro que prima pelo seu trabalho. É, de fato, uma voz que ecoa no parlamento estadual. Seu mandato tem sido exemplo de como fazer política institucional. Basta ver a ampla participação dos movimentos sociais na construção de sua agenda política, ou a prática da realização de audiências públicas, onde denúncias contra grandes empresas e órgãos públicos coniventes são acompanhadas com todo esmero. Isso deveria ser a prática, mas é raro. Pense!
Não é pouco nesse mundo de lama em que vive a política institucional.
Marcelo Freixo está na Europa à convite da Anistia Internacional. Ele licenciou-se da Assembléia Legislativa, mas, antes de dezembro estará de volta. O motivo há muito já se sabe. Desde 2008, Freixo sofre ameaças de morte por ter presidido a CPI das milícias, que produziu um relatório no qual denuncia iinúmeros milicianos e afirma que só a prisão não será suficiente para acabar com este mal. Era preciso revelar o braço econômico das milícias - como Freixo sempre insistiu -, tanto nas comunidades e fora delas, pois são seus negócios ilegais que financiam, entre outras mazelas, as campanhas políticas.
Que ferida foi tocada, não? Como incomoda esse jovem e correto parlamentar.
Quão mais difícil seria a denúncia das irregularidades que cercam a instalação e funcionamento da Companhia Siderúrgica do Atlântico, sem o apoio militante e competente de seu mandato? E a importância de seus discursos em defesa dos pescadores da nossa linda e tão maltratada baía de Sepetiba? E as denúncias contra as irregularidades e injustiças que cercam a instalação do Porto do Açu, de Eike Batista? E a luta pelo reconhecimento do funk como cultura? E a luta pela investigação do que está acontecendo com nossa saúde/ educação? E a luta.....
Enfim, uma pauta de lutas bem ampla, de um mandato e um parlamentar que trabalham pelo público e pelas justiças social e ambiental.
Precisamos de milhares de Freixos espalhados pelo Brasil. Não podemos deixá-lo sofrer “na carne” desta maneira. É muito sacrifício. Para ele e seus familiares. A luta é de muitos e muitas. A defesa da vida. A defesa dos direitos humanos. A luta por justiça. A luta pela política, como ele costuma dizer.
Que sua voz ecoe alto no velho continente. Que sua volta seja em um ambiente onde os órgãos públicos tenham cumprido seu papel. Não é possível que a Secretaria de Segurança continue tratando como secundário o que está acontecendo. No último dia 17 de outubro houve um grande ato na OAB/RJ em solidariedade a Marcelo Freixo.
Naquela ocasião ele disse:
"É uma situação de total insegurança e muito grave, porque nada mais fiz do que cumprir a minha função como parlamentar. Então, quem cumpre a sua função pública, ser ameaçado de morte por isso é muito grave. E a gente está falando do principal crime organizado no Rio de Janeiro: a milícia hoje é o mal maior que tem no Rio. Então, evidentemente, precisa ser enfrentado. E é inadmissível que depois de matarem uma juíza, ameacem matar um parlamentar. E quantas outras pessoas mais virão antes de eles serem detidos? É muito importante que se busque deter o poder econômico e territorial desses grupos. Só as prisões não vão resolver".
Quantas mais virão? Quantos mais lutadores e lutadoras terão que viver sob escolta?
Até quando o silêncio das autoridades irá permanecer? Governador Sérgio Cabral, é um deputado de nosso estado que está sob ameaça. Nem uma só palavra de solidariedade? Tudo em nome de “um bom ambiente para os negócios”? É isso? Só isso mesmo?
Aqui, no Rio de Janeiro rumo à Copa e Olimpíadas, político se vender para o grande capital é moleza. O duro é continuar fiel aos princípios da política popular, em favor das maiorias, junto aos oprimidos por este modelo. Duríssimo mesmo é ser honesto e continuar firme com seus princípios e ideais de socialismo e liberdade. Isso Freixo nos ensina todos os dias.
Por milhares de Freixos pelo Brasil!
Vida longa!
* Sandra Quintela é sócio-economista integrante do Pacs e da Rede Jubileu Sul
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